Com a crise provocada pela guerra e pela instabilidade política, a construção urbana estagnara. Do ponto de vista estrutural e formal, os prédios que se erguem continuam, numa linha simplificada, os modelos do princípio do século. A qualidade da construção degrada-se, na manutenção já abastardada das técnicas herdadas do pombalino (donde a designação de gaioleiros dada aos construtores). A expansão da cidade deixa de fazer-se em continuidade, aparecendo bairros periféricos isolados, ao sabor de uma especulação selvagem.
Um novo modo de promoção surge entretanto, impulsionado por um grupo de construtores tomarenses que, engrossando constantemente, vêm a desempenhar um papel importante nesta nova modalidade, que se generaliza nas décadas seguintes: a construção de prédios para venda. Cria-se assim uma actividade empresarial que alia à construção de prédios a respectiva comercialização, acontecendo que, devido às flutuações dos mercados de terreno e da compra de imóveis, e à consequente especulação, as operações comerciais se tornam dominantes relativamente à construção propriamente dita.
Entretanto, no final da década de 20 é promulgada legislação no sentido de proteger esta modalidade, com isenções fiscais e facilidade de crédito, e que resultam numa considerável expansão da mesma. E a regulamentação da construção civil é revista, no sentido de disciplinar e modernizar a respectiva actividade.
Surgem assim novos núcleos edificados, através dos quais se acentua a segregação social: Campolide, Bairro Santos, Penha de França e Bairro Lopes destinam-se aos extractos mais modestos das classes médias; o Bairro Azul e o Alto do Parque vão ser habitados pela burguesia mais desafogada.
É neste contexto que surgem no nosso país as primeiras
influências do movimento moderno, na linha de desenvolvimento que
culminou na exposição das Artes Decorativas em Paris (1925),
e que se traduziu no enriquecimento formal de fachadas e átrios
de entrada, ganhando simplicidade ou opulência consoante a categoria
social dos bairros o ditava. Baixos relevos em estuque ou cimento, painéis
policromados de mosaico ceramico, ornatos salientes, pilastras e frisos,
balaustradas, frontões e alpendres são motivos que aparecem
com abundância neste vocabulário decorativo.
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mantida pelo Núcleo de Arquitectura do LNEC
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