Um pouco mais tarde, mas desenvolvendo-se em paralelo com a influência das "Artes Decorativas", aparecem exemplos claramente ligados à fase racionalista do movimento moderno, na sua feição mais purista do ponto de vista formal. Em pleno desenvolvimento da modalidade de construcão para venda, um novo tipo de fachadas alastra pela cidade, dando lugar a protestos dos que defendiam, ainda sem alternativas, um pretenso caracter nacional e lisboeta que importava preservar.
Esta aplicação, por assim dizer universal, do desenho modernista é caracterizada pela simplicidade das fachadas, onde dominavam as grandes supefícies lisas, pela abolição de guarnições de cantaria e pela total ausência de elementos supérfluos; só ao nível de alguns pormenores de construção se verificavam diferenças que traduziam o custo mais ou menos elevado do edificio.
Esta democratização da fachada é tanto mais interessante quanto contraria o crescente processo de segregação social ao nível do espaço da cidade, fenómeno que recebe consagração oficial na nova regulamentação publicada em 1930. São criadas três zonas, em que as normas de construção diminuem de exigência: a 1ª zona, ou principal, correspondente às grandes artérias centrais, a 2ª zona, abrangendo o conjunto restante da mancha contruída, e a 3ª zona, ou exterior, correspondendo à periferia pobre e degradada. Mas também ao nível do próprio prédio se oficializa e aprofunda a discriminação social, através de numerosos artigos referentes ao abastecimento domiciliário e ao serviço doméstico:entradas e escadas de serviço, vendedores ambulantes, inquilinos e suas visitas, alojamentos para serviçais, etc.
A nova regulamentação abolia entretanto o saguão como solução corrente. Esta disposição veio alterar radicalmente a configuração do volume constuído e o desenho das traseiras, já que a necessiade de prédios com bastante profundidade continuava a ser necessária para as grandes áreas que as habitações caras exigiam. Nasceu então o "rabo de bacalhau", designação da gíria profissional para os corpos salientes que o novo regulamento preconizava, enquanto nos bairros mais modestos a exiguidade das áreas dos fogos dispensava qualquer artifício do género.
A introdução de novas técnicas de constução
não acompanhou desde o início o novo figurino. Daí
que muitas obras deste período sejam modernas apenas de fachada,
restingindo-se o uso do betão armado aos corpos balançados,
placas das sacadas e alguns outros elementos.
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mantida pelo Núcleo de Arquitectura do LNEC
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